quarta-feira, 13 de abril de 2016

Pequenas grandes coisas

Lembro-me de uns seis anos atrás, época em que trabalhei em uma grande empresa. O clima de estresse era sempre presente, até quando o dia corria tranquilamente. Minha semana estava horrível - brigando com meio mundo, TPM atacada, trabalhos na faculdade que nem tinha ideia de como iniciar. A pressão era tão grande que sentia que minha cabeça cairia no chão a qualquer momento, tamanho o peso que carregava mentalmente. Saí pra almoçar, numa tentativa rasa de acalmar os ânimos e, principalmente, porque já era hora. Quando voltei pro escritório, uma pequena surpresa: uma colega havia me deixado uma paçoca em minha mesa. Quando viu que peguei o pequeno doce, me disse que havia comprado apenas pra mim enquanto a esperava pagar a conta no restaurante. Aquele gesto, tão singelo e delicado, foi o suficiente para dar um ânimo diferente a meu dia. Pra mim, foi uma amostra preocupação de carinho, uma forma não-verbal de dizer "quero te ver bem". E olhe que nem sou lá uma grande fã de paçoca.
Temos tendência a gostar do grande e cinematográfico. Daquelas declarações de amor melosas e que, apesar de sabermos que são bregas, nos encantam mesmo assim. Das cenas pulos de um prédio até o outro, d'apenas o mocinho acertando tiros, e que nos fascinam e nos deixam êxtase mesmo sabendo do quão absurdas são. Entretanto, no mundo aqui fora, pós-fuga da realidade, nos damos conta de que faixas coloridas de "eu te amo" e carros de som servem muito mais pra declarar-se aos outros do que ao próprio parceiro ou parceira. Ok, cada um se declara da forma como achar conveniente, mas admito que sou meio contra este tipo de atitude escancarada; não apenas por ser chamativa demais, mas, principalmente, por acreditar que ela não cumpre seu papel de gritar "importo-me com você". Acredito que pequenas atitudes podem ser grandes, como uma paçoca em sua mesa num dia ruim, ou um "ouvi tal música e lembrei de você", muito mais do que um "eu te amo" gritado aos quatro ventos. Portanto, é melhor não esperar por um enorme buquê de rosas e um quarteto de cordas, ou uma trompa azul roubada de um restaurante (sacaram a referência?), e passa a valorizar mais os bombons e paçocas da sua vida.