segunda-feira, 12 de setembro de 2016

O tempo cura?



Ouvi de meus pais, que por sua vez ouviram de seus pais, e daí por diante. Ouvi de amigos, de colegas, de meros conhecidos e desconhecidos. Vi em buscas no Google, em livros, filmes, séries e em centenas de publicações. Ouvi na televisão, no rádio e em músicas. A famigerada ideia de que o tempo cura todas as feridas é passada e repassada de tempos em tempos, de geração em geração. Então, posso lhe contar um segredo? Promete que não ficará bravo ou brava comigo? Bem, por sua conta em risco: isso é uma grande mentira.
Sabe qual o problema desta afirmação? Isentar responsabilidade. Não é que Renato Russo estivesse errado quando disse que "temos nosso próprio tempo". Aliás, vamos pensar um pouco: afinal de contas, o que é esse tal de tempo? Segundo o Dicionário Escolar da Língua Portuguesa da Academia Brasileira de Letras, tempo é a "sucessão dos anos, dos dias, das horas etc.". Há ainda um exemplo com dar tempo ao tempo, que significa "esperar com paciência e confiança uma solução que virá com o tempo", neste caso expresso como o passar dos dias/meses/anos. Essa constante espera de que algo bom aparecerá um dia pode ser uma armadilha para o comodismo. Gosto de pensar na ideia de tempo como uma mistura do tempo-literal com a forma com a qual se lida com este: é preciso ter ação. De nada adianta passar meses esperando um suposto tempo curar uma ferida se não fizer nada para que isso aconteça. De nada adianta acreditar que as coisas melhorarão se não houver esforço para que elas realmente melhorem. Não há como querer curar um coração partido se você ainda tem um pé preso ao passado. Você tem seu próprio tempo - é verdade, Renato. Mas lembre-se disso na próxima vez em que encarar os ponteiros do relógio e marcar um X nos dias do calendário: o tempo não é o verdadeiro senhor da razão - você é!

quarta-feira, 4 de maio de 2016

A armadilha do "e se(...)"


Há uns anos (2009/2010, para ser mais precisa), quando foi lançado o filme Avatar, lembro-me de ter lido e ouvido em um podcast algumas matérias chocantes relativas à película dirigida por James Cameron. Um número significativo de pessoas, especialmente jovens, e que, na verdade, deveria ter sido nulo, cometeram suicídio porque jamais conseguiriam viver em um mundo tão perfeito quanto Pandora, o planeta fictício onde o filme é ambientado.
Usei um exemplo extremo, obviamente, envolvendo depressão agravada, e nesse caso é preciso um olhar atento e pedir ajuda, mas quantas vezes não nos pegamos pensando em como as coisas seriam se fossem diferentes? Quantos "e se(...)" repetimos à exaustão quando a realidade não nos agrada ou é dura demais para ser encarada?
"E se eu tivesse comprado a blusa preta ao invés da branca?"
"E se meu último namoro não tivesse terminado ainda?"
"E se tivesse aceitado aquele emprego em outro estado?"
É claro que é bom (até importante, eu diria) considerar possibilidades, porém, apenas quando futuras. Talvez até seja um exercício para a imaginação pensar no que poderia ter acontecido, mas sem se esquecer de que (in)felizmente jamais sairá do status de "e se(...)". O presente é a única coisa que temos, e, ainda assim, nem dele podemos ter absoluta certeza. A vida pode tomar um rumo totalmente inesperado da noite pro dia.
Precisamos parar de perder tantas oportunidades de aprender com o presente enquanto ainda estivermos presos às possibilidades, sem focar no que é real ou até no que efetivamente já é passado. Somos levados a essa terrível mania de só querermos aquilo que não temos, inclusive memórias que não existem. "E se(...)" é uma armadilha de urso, e é importante tomar cuidado aonde se pisa para não prender o pé no passado.

quarta-feira, 13 de abril de 2016

Pequenas grandes coisas

Lembro-me de uns seis anos atrás, época em que trabalhei em uma grande empresa. O clima de estresse era sempre presente, até quando o dia corria tranquilamente. Minha semana estava horrível - brigando com meio mundo, TPM atacada, trabalhos na faculdade que nem tinha ideia de como iniciar. A pressão era tão grande que sentia que minha cabeça cairia no chão a qualquer momento, tamanho o peso que carregava mentalmente. Saí pra almoçar, numa tentativa rasa de acalmar os ânimos e, principalmente, porque já era hora. Quando voltei pro escritório, uma pequena surpresa: uma colega havia me deixado uma paçoca em minha mesa. Quando viu que peguei o pequeno doce, me disse que havia comprado apenas pra mim enquanto a esperava pagar a conta no restaurante. Aquele gesto, tão singelo e delicado, foi o suficiente para dar um ânimo diferente a meu dia. Pra mim, foi uma amostra preocupação de carinho, uma forma não-verbal de dizer "quero te ver bem". E olhe que nem sou lá uma grande fã de paçoca.
Temos tendência a gostar do grande e cinematográfico. Daquelas declarações de amor melosas e que, apesar de sabermos que são bregas, nos encantam mesmo assim. Das cenas pulos de um prédio até o outro, d'apenas o mocinho acertando tiros, e que nos fascinam e nos deixam êxtase mesmo sabendo do quão absurdas são. Entretanto, no mundo aqui fora, pós-fuga da realidade, nos damos conta de que faixas coloridas de "eu te amo" e carros de som servem muito mais pra declarar-se aos outros do que ao próprio parceiro ou parceira. Ok, cada um se declara da forma como achar conveniente, mas admito que sou meio contra este tipo de atitude escancarada; não apenas por ser chamativa demais, mas, principalmente, por acreditar que ela não cumpre seu papel de gritar "importo-me com você". Acredito que pequenas atitudes podem ser grandes, como uma paçoca em sua mesa num dia ruim, ou um "ouvi tal música e lembrei de você", muito mais do que um "eu te amo" gritado aos quatro ventos. Portanto, é melhor não esperar por um enorme buquê de rosas e um quarteto de cordas, ou uma trompa azul roubada de um restaurante (sacaram a referência?), e passa a valorizar mais os bombons e paçocas da sua vida.

terça-feira, 8 de março de 2016

Um brinde a você, mulher

Um brinde a você
Mulher que trabalha fora
Mulher que trabalha em casa
Ou que se vira como pode
Mulher que aguenta piadas
Mulher que xinga
Mulher que usa burca
Mulher que usa vestido curto
Mulher que anda de salto alto
Ou descalça
Mulher que ouve atrocidades
E coisas bonitas também
Mulher que "se dá respeito"
Mulher que "não se dá o respeito"
Mulher que gosta de homens
Que gosta de mulheres
Até de ambos ou nenhum, quem sabe
Mulher engenheira
Mulher professora
Mulher programadora
Ou até que nunca estudou
Mulher que se cala
Mulher que levanta a voz
Mulher que não se cala diante de um mundo torto
Um brinde a você
Mulher
A nós

terça-feira, 1 de março de 2016

Aroma de Café



Havia um bom tempo que ela não tomava um café bem amargo. O que antes era um pequeno prazer diário, tornou-se uma verdadeira tortura. Desde que seu ex a deixara para fazer um intercâmbio, nunca mais conseguiu sentar para tomar uma xícara sem queimar a língua ou salgá-la com lágrimas. Até tentaram, mas, infelizmente, a distância foi mais forte. Pensava sempre sobre como coisas que amamos podem nos embrulhar o estômago de repente. "Mas a vida é assim mesmo", murmurava.
Tomar um café diário enquanto falavam sobre os acontecimentos da semana era uma atividade só deles. Começavam sempre com as notícias ruins e reclamações. Em seguida, passavam para a conversa boa, pra não deixar o clima pesado. Eram amantes e melhores amigos. Lamentava-se; como ele pôde estragar todas as minhas boas novas com aquela notícia? E, pior ainda, em um dia tão chuvoso? Na contramão do que muito se prega, os dois adoravam observar a chuva. Sentiam-se bem em dias nublados. Ele a abraçava forte enquanto ela tirava sarro da água escorrendo todo o gel de seu cabelo. A vida é assim mesmo, pensava.
Mas talvez a vida não tenha que ser assim. Talvez logo encontre um novo motivo para apreciar os goles de café. A vida lhe ensinara que, por mais que a gente sofra, um dia entenderemos o porquê de tudo ter acontecido. E, assim, seguiu. Reaprendeu a bebericar seu café e, além disso, a apreciar uma boa cerveja. E, quando menos esperava, eis que seu coração volta a bater mais forte por alguém. E como tudo começou? Quando ele lhe pagou um café.

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2016

A incrível geração que não aceita críticas



"Só tem o direito de criticar aquele que pretende ajudar."
(Abraham Lincoln)

Sejamos francos: ninguém gosta de ser criticado. Todos queremos ser reconhecidos por nossas qualidades, e não ter nossas fraquezas expostas e apontadas por dedo em riste. Porém, há uma palavra que já fora usada em outros textos escritos por mim que pode ser uma das consequências de quando passamos a aceitar críticas, ou no mínimo ouvi-las sem surtar, e esta chama-se "amadurecimento".
Antes de continuar, vamos deixar claro - existe uma diferença gritante entre crítica e discurso de ódio. Você tem todo o direito de discordar de meu texto, este ou qualquer outro deste blog ou que eu publique em outras redes sociais e de meus pontos de vista. Porém, existem formas e formas de isso ser feito. Pra todo caso, leia novamente a citação no início.
Segundo o Dicionário Michaelis, criticar significa "examinar como crítico, notando a perfeição ou os defeitos ". Pensando especificamente na palavra examinar, imagine a seguinte situação:
Você está com uma dor de cabeça há três dias. Até que, finalmente, resolve ir ao médico. Sua principal desconfiança é de que esteja contraindo uma gripe. Após um pequeno exame, constatou que, na verdade, você precisa consultar um oftalmologista, pois a dor de cabeça é proveniente de forçar demais a vista e há a possibilidade de usar óculos. Você, por sua vez, briga com o médico por não concordar com o resultado, diz que seu trabalho não presta e que não entende nada de medicina. Por fim, espera pela tal da gripe chegar. Afinal, era sua ideia inicial.
Parece absurdo, não? Pois bem, é mais ou menos o que acontece quando não se sabe como reagir a uma crítica. Achar-se o dono da razão nada mais é do que pura insegurança, e de falsos mal-resolvidos o mundo já está cheio. Saber criticar e ser criticado é parte do dia-a-dia e serve para auxiliar a crescermos e sermos alguém melhor, além de ajudar outros a crescerem também.
E caso discorde do que escrevi, sinta-se à vontade para expor sua opinião. Só tenha argumentos mais inteligentes do que dizer "que texto lixo".

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2016

Muro de Concreto

Um dia, todo mundo já se deparou com pessoas aparentemente frias, que sempre jogam na defensiva. Neste caso, gosto de dizer que possuem um muro de concreto à sua frente. Como proceder com estes seres tão frágeis, mas que nunca deixarão os outros verem isso? Deixarão, sim! É só saber agir.
Tentar derrubar o muro de nada adiantará, amigo. Por quê? Simples. O muro faz parte desta pessoa e qualquer mudança abalará suas estruturas. Ninguém muda, apenas se mostra. O verdadeiro segredo é: escale! Sim, escalar! Desperte o lado alpinista em você e escale o muro de concreto. Mas lembre-se: isso não pode ser feito de uma só vez. Vá aos poucos. Suba um pouco, pare e descanse. Continue a subir. Descanse. Repita o processo quantas vezes forem necessárias. Até que um dia, amigo, você finalmente chegará ao topo. Quando este dia chegar, é sinal de que conquistou a confiança da pessoa. E, a partir daí, poderá desfrutar de tudo aquilo que a pessoa tem de melhor. Basta ter paciência e escalar.

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2016

Perder-se

Hoje é um daqueles dias em que só queria ter perdas boas. Dias dos quais perderíamos mais da metade do filme para nos perdemos em nossos corpos, perdermos as roupas, os lençóis e as vergonhas. Perder o fôlego e a visão, que viraria um grande borrão, e perder água em forma de gotas que passeiam por nossas curvas. Perder a voz em meio a tantos delírios e prazeres enquanto me faz perder as estribeiras de minhas próprias ações. Perder o controle é fundamental nessa perda de compasso em uma valsa louca e prazerosa. E perdem-se, também, os sentidos, que logo voltam mais aguçados do que nunca. Perco a compostura e a força nas pernas, que já estarão bambas a essa altura. E a gente se encontra quando nos perdemos um no outro.

domingo, 7 de fevereiro de 2016

Desabafo

Caso pudesse fazer apenas um pedido a algum gênio lâmpada mágica neste momento, diria que gostaria de estar bem longe daqui. Honestamente, não vejo motivos para continuar nesta vida. Nada mais encanta, ninguém surpreende. Viver no modo automático não é vida, mas apenas existência. Só não me autoproclamo um robô por causa de meus parafusos soltos. E não é fácil admitir isso quando se escreve sobre esta vil vida vivida. Banalidades não atraem, sorrisos sem rugas nos olhos não despertam o menor interesse. Um novo lugar é sinônimo novas experiências, novos sorrisos e até lágrimas diferentes. Até chorar sempre pelos mesmos motivos ficou cansativo.
Enquanto esta mudança não vem, sigo robótica e automaticamente na esperança de que um dia minha humanidade volte a ser o que era.

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2016

Promessas

Não prometerei nunca irritá-lo com minhas manias, tampouco não me irritar com as suas. Porém, farei o possível para aprender a viver com elas e até apreciá-las.
Não prometerei fazer grandes atos em nome do amor. Não sou boa nisso, e nem pretendo ser. Porém, arrumarei constantemente novas maneiras de mostrar que nunca sai de meu pensamento.
Não prometerei dar grandes e valiosos conselhos todo o tempo, mas posso oferecer-lhe meu colo como refúgio.
Não prometerei nunca chorar na sua frente, mas farei o possível para que meus problemas sejam apenas meus.
Não prometerei declarações dignas de fazerem inveja a Shakespeare, mas garanto inventar novas besteiras só para vê-lo sorrir.
Não prometerei ter grandes performances entre quatro paredes. Porém, farei o possível para minimizar possíveis frescuras. Afinal, vale tudo nessa hora.
Não prometerei que será a minha vida, mas sempre arrumarei um jeito de encaixar-te na minha.
Não prometerei concordar com tudo o que disser ou fizer, mas sempre respeitarei sua opinião.
Não farei promessas que nunca poderei cumprir. Porém, farei o possível para que nunca deixe de acreditar na minha palavra.

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2016

O que aprendi com HIMYM

(Já aviso que este post terá alguns SPOILERS. Portanto, caso ainda não tenha terminado de assistir ou tenha intenção de ver uma hora, sugiro que PARE por aqui e volte mais tarde. Caso não se importe com isso, vá em frente.)


Quem me conhece, sabe que How I Met Your Mother, perdendo apenas para Friends, é uma das minhas séries favoritas de todos os tempos. Quem não me conhece, bem... Agora já sabe rs. Não tenho intenção de compará-las, cada uma tem seu tipo de humor e cativa por motivos diferentes. Porém, é inegável que o show do protagonista Ted Mosby seja de cunho muito mais profundo que sua predecessora.
Já li inúmeros posts internet afora sobre ensinamentos e reflexões que How I Met Your Mother nos trouxe, tanto os já escancarados em cada episódio quanto os que necessitam um olhar um pouco mais atento. Porém, resolvi fazer algo diferente: trazer a minha perspectiva sobre a série através dos personagens e situações específicas.

Para quem não conhece a história, How I Met Your Mother mostra Ted Mosby (Josh Radnor) no ano de 2030 contando aos filhos a história de como conheceu sua mãe. Para tanto, a série é narrada em forma de flashbacks contados pelo Ted do Futuro, aqui interpretado por Bob Saget (somente voz). A trama toda inicia quando Marshall Ericksen (Jason Segel), melhor amigo de Ted, fica noivo de Lily Aldrin (Alyson Hannigan). A partir disso, o jovem protagonista decide ir em busca de sua cara-metade.
No bar onde costuma frequentar, conhece Robin Scherbatsky (Cobie Smulders), apresentada por Barney Stinson (Neil Patrick Harris), também amigo de Ted e solteiro convicto, por quem se apaixona logo no primeiro encontro. Em meio a alguns desastres e foras, Robin passa a fazer parte deste grupo de amigos. A partir daí, a série foca na hilária busca de Ted por sua alma gêmea.

Farei uma pequena síntese de cada personagem e o que extraí de cada um deles durante as várias vezes em que assisti à série. O legal é que esta é minha visão HOJE. Quem sabe não capte coisas ainda melhores nas próximas assistidas?


Ted Mosby: é um jovem arquiteto que, posteriormente, vira professor de arquitetura. Sim, esta informação é muito importante. Afinal de contas, como já vimos, a mãe estava em uma de suas aulas. Romântico incorrigível, sempre está disposto a fazer grandes ações em nome do amor, incluindo roubar uma trompa azul de um restaurante logo no primeiro encontro e arruinar tudo dizendo "eu te amo" ainda na mesma noite. Ted é realmente desesperado a esse ponto. Porém, acima de tudo, é um cara extremamente leal a seus amigos e que não mede esforços para ajudá-los e vê-los bem, mesmo que isso signifique sua própria miséria, especialmente pela Robin (ex: a busca pelo medalhão de Robin). Embora seja visto por muitos como chato e teimoso, Ted nos mostra que é importante lutar pelo que acreditamos, mesmo quando o mundo conspira contra nós (ex: quando Ted compra sua "casa dos sonhos" sem antes analisar os fatos e inspecioná-la). Arrisco dizer que é o personagem com quem as pessoas mais se identificam. Talvez isso explique o porquê de tantos telespectadores não gostarem dele. Portanto, lealdade e persistência são as maiores qualidades que Ted pode nos ensinar a trabalhar em nós mesmos. E, ainda, não importa se nossa vida tomar um rumo diferente do que sempre planejamos. Quando ligarmos os pontos, entenderemos o porquê de tudo ter acontecido.


Robin Scherbatsky: aspirante a uma jornalista de sucesso, Robin é a independente do grupo, sempre pondo carreira à frente de relacionamentos. Durante a segunda temporada, descobrimos que Robin foi uma popstar canadense chamada Robin Sparkles, personagem que veio de um programa de TV infantil. Ao longo da série, ela nos mostra que mesmo gente independente precisa de seus amigos de vez em quando (ex: quando ela se tranca no banheiro da casa nova de Lily e Marshall para eles não se mudarem). Por trás de carcaças duras, há corações bondosos e emoções das mais variadas. E quando Robin deseja Barney de volta, dá o que considero uma das melhores falas da série toda: acreditar em química (chemistry), pois quando se tem química, só resta uma coisa - tempo certo (timing). "But timing's a bitch". E sabemos que o "timing" funciona muito bem para ela.


Barney Stinson: o mulherengo do grupo, Barney é um considerado um sociopata, tendo dormido com mais de 200 mulheres, cheio de truques e mentiras para levá-las pra cama. E por que não mencionei sua profissão? Porque esta permanece um segredo até a última temporada (please). Logo no início da série, vemos que ele um dia teve seu coração partido por uma ex-namorada, e é o que acontece com a maioria dos Barneys que encontramos na vida: tornam-se mesquinhos e vazios devido a decepções e o fato de não conseguirem lidar com elas. Mas o mais importante de tudo, é que Barney sofre constante medo de abandono por causa de seu pai, que o largou ainda quando criança, e só amadurece quando aprende a superar seus traumas. Talvez esta seja a lição mais importante que ele traz, que só é possível focar no presente e no futuro quando nos desprendemos das amarras que ainda nos ligam ao passado e seguimos em frente. Ideias são sempre válidas, mas, no fim das contas, o que mais vale é a realidade.


Marshall Eriksen: é um advogado e futuro juiz. Mantém um devotado relacionamento com Lily desde os tempos de faculdade, embora ela o abandone por alguns meses e voltem em seguida. Natural da cidade de Saint Cloud, Minnesota, e fanático por pesquisar sobre o místico, como o Pé Grande, aliens e afins, Marshall é o típico amigão de todo mundo, sempre disposto a ajudar conhecidos e desconhecidos, o significado encarnado de "fazer o bem sem olhar a quem". Ele também nos mostra o valor da família. Que, não importa o que você considera como família, ela sempre será sua base, e suas raízes nunca devem ser esquecidas. E acredito que o principal ensinamento de Marshall é lidar com perdas e a fragilidade da vida, devido à morte de seu pai.


Lily Aldrin: professora de jardim da infância, inicialmente noiva e, posteriormente, esposa de Marshall, além de amiga de Ted desde a época da faculdade, é vista como a mãezona do grupo, sempre dando os melhores conselhos e, muitas vezes, até se intrometendo na vida amorosa de seus amigos. É incapaz de manter um segredo e isso causa várias confusões. Entretanto, Lily tem um coração enorme e está sempre disposta a ouvir todos. Seu pai, Mickey, esteve pouco presente em sua infância, fazendo com que ela desacreditasse em muitos dos enigmas e mistérios que Marshall tanto gosta. Talvez seu maior ensinamento seja que, independentemente de você ter ou não suas crenças, acreditar e confiar em si é o que importa.

No geral, acho que uma das coisas mais legais de How I Met Your Mother é quebrar aquela velha ideia de que só existe uma pessoa ideal para cada um, e nem apenas 7 peixes no mar, segundo a Love Solutions (1ª temporada). Pode até parecer que esteja longe, mas, na verdade, talvez ela esteja muito mais perto do que você imagina. Seu guarda-chuva amarelo está por aí :). Prometo que a jornada será legen... wait for it...

quinta-feira, 28 de janeiro de 2016

Bilhete

Mãe,

Sei que visa nada além de meu bem, mas entenda: deixe-me errar, quebrar a cara e me iludir. Preciso disso pra aprender a sobreviver, sabe como sou. Você conhece todos os problemas pelos quais já passei, da maioria das dores que já senti e como tudo isso me fortaleceu. Compreendo que, como minha figura materna, a tendência de querer me proteger é eminente, mas não é disso que preciso. Quero saber se, caso tudo dê errado, quando tudo der errado, posso contar com você para afogar as mágoas, pois já saberá que tinha razão. Você sempre me disse que sofrer faz parte da vida, então se esse for o que empurrão de que preciso para me tornar uma mulher melhor, que assim seja.
Sei que temos nossas diferenças. Você, com seu temperamento forte, e eu, que não levo desaforo pra casa, e somente nós sabemos de nossos pequenos atritos. Só quero saber se, apesar de pensarmos diferente, irá me apoiar em minhas decisões, mesmo que contrariada. Já sei que me ama, e eu também te amo. Mas, às vezes, tudo de que preciso é seu apoio, e não da sua razão. Só isso.

De sua filha