sábado, 17 de outubro de 2015

Sobre as relações descartáveis do século 21



Dietas pra emagrecer 6 kg em 1 semana. Falar inglês fluente em 3 meses. Notícias e mais notícias bombardeadas em nossos smartphones, tablets e PCs a todo momento, tornando-se obsoletas ainda no mesmo dia. Novas tecnologias surgindo na velocidade da luz e ficando ultrapassadas em questão de poucos meses. O mundo vai girando cada vez mais veloz, já dizia Lenine. Não é de se espantar que num mundo onde tudo passe tão rápido, as relações afetivas também tenham este efeito e fiquem cada vez mais (r)estritas e superficiais. Poucos são os que têm coragem de explorar e desvendar o outro. Sim, coragem. Amar dá trabalho. Por isso vê-se tanta gente sofrendo de desamor - é pura preguiça. É contraditório, pois vê-se pessoas ávidas por informação quase que literalmente atirada no colo, mas ainda é uma minoria que vai a fundo. Gente descartando gente como se fosse uma notícia lida pela manhã que já virou velha quando esta é citada no telejornal da noite. Pessoas trocando grandes possibilidades apenas pra uma pequena cura de carência momentânea. Ninguém mais quer saber de descobrir quais qualidades suprem os defeitos.
A questão não é que "duradouro" seja sempre sinônimo de "bom", tampouco de "verdadeiro". Sabemos que não é verdade. Porém, em tempos onde até talheres podem ser descartáveis e chuveiros não duram 30 banhos seguidos, é de se admirar quem ainda se recuse, faça hora e vá na valsa, novamente com a licença de Lenine. É claro que é bom ser objetivo, mas a subjetividade também tem sua importância e está cada vez mais esquecida. Os latões de lixo do mundo já estão cheios de produtos descartáveis, entendam; não há espaço para pessoas. Elas não pertencem ali.

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